Passageiros
Esgotos, bulevares, metrôs, trens, automóveis, aviões, a circulação se dilata, as perseguições se tornam difíceis e complexas: qualquer um é "passageiro". A moda se universaliza, ingleses, japoneses ou brasileiros passam a se vestir da mesma maneira. O trabalho nas fábricas impõe aos operários a repetição dos mesmos gestos, acompanhando a cadência das máquinas, sem exigir habilidades especiais, determinando a igualdade de todos, que são, por consequência, intercambiáveis.
Metrópolis, de Fritz Lang, A nós a liberdade, de René Clair, ou Tempos Modernos, de Chaplin, contestaram, no cinema, em clave dramática ou cômica, essa poda, por assim dizer, da humanidade dos trabalhadores, reduzindo-os todos a um mesmo molde, indiferenciado.
Jorge Coli, Boulevard des Capucines e o crime metafísico.