A cidade vai se desenrolando
Eu subi ao Monte Serrat.
É uma iminência de cento e cinco metros, quase a prumo, coroada por uma igrejinha branca, o que se pode imaginar de mais pitoresco, de mais singelante grandioso, de muito suave.
Sobe-se por um caminho acidentado.
O que se vai desenrolando aos olhos durante a ascensão é simplesmente maravilhoso. A planície estende-se ao longe; nivelada pela natureza, coberta de uma alcatifa de mangue; a cidade, em quarteirões regulares, paralelo-gramáticos, ocupa o sopé do morro, betada de ruas de calçamento pardo, manchado aqui e ali por maciço verde de árvores, por uma palmeira esguia; ao fundo, de um e outro lado a serra do continente; fronteiras as colinas abruptas de Santo Amaro.
Manuel Barbosa, em carta para Lenita de 22 de janeiro de 1887.
Do romance A Carne (1888), de Julio Ribeiro.